sábado, 23 de junho de 2012

A mon exquise ambiguïté

"É impossível que você não tenha aprendido nada com seu último relacionamento.".
Já faz mais de um ano que eu escutei isso com alguns gritos de desespero muito próximos a meu rosto.
É verdade, você tinha razão, sempre teve. Sou eu quem gosto de subestimar as pessoas.

Mas sim, eu aprendi, talvez a ser hedonista. Desacostumei com o cheiro, o desespero das palavras foram embora e eu sentado vendo o telefone tocar... não tinha mais o mesmo sentido. Eu apenas percebi que não queria ouvir sobre suas experiências, sobre seu cigarro ter caído no chão e a sua mãe ter te ligado. Você não precisa dessa fúria toda, dessa ansiedade por me provar o contrário do que eu acredito. As pessoas tentam de tudo para não se sentir só, por não caminhar sozinhas trocando baralhinhos como faziam os colonizadores, trocando baralhinhos por silêncio.

Você não precisava desconfiar do nosso futuro, você sabia que cada um iria caminhar sozinho, se não em seguida, logo depois, a grosso modo todos fazem isso. Você me chama de egoísta e eu concordo com você nisso. Mesmo que me olhe como um cão prestes a atacar, eu ainda estarei sentado no chão e você nessa velha cadeira de madeira, porque eu prefiro assim; dar o último gole e distanciar o olhar.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Soberba

Achava que enfim era mais humilde. Que era mais altruísta. Achava que se me deparasse com uma velhinha tentando atravessar a rua na faixa de pedestre - daquelas que nasceram por volta de 1929 e contam lucidamente como fora a segunda guerra mundial, pararia meu trajeto ao cinema e serviria de escoteiro temporário. Achava que por fim não era mais a ovelha negra da família, tinha passado o carma para o meu primo mais velho que sempre era tido como um anjo na terra.

Na realidade? Que se dane um e o outro. Sou do tipo controlado, que pretensiosamente finge muita normalidade, a final, para os que acreditam na seleção natural (ou não), só sobrevive quem se adapta melhor ao ambiente, ou algo do tipo.

Hoje tive vontade de jogar na frente do caminhão o primeiro que me aporrinhasse. Não preciso detalhar que apenas fiz cara de indignação como última opção para aliviar o estresse, até porque é deveras complicado encontrar um advogado bom que apresente álibi significativo ou que pelo menos tente me livrar afirmando homicídio culposo (quando não se tem intenção de matar, o que não seria o caso).

Me cansei de lero-lero, dá licença mas eu vou sair do sério, eu quero mais saúde! Me cansei de escutar opiniões. (...) mas enquanto estou viva e cheia de graça, talvez ainda faça um monte de gente feliz. (Salve Rita!).

Achava-me pleno, estava o oposto disso e não vi motivo para ser empático com os desavisados. Chega desse blábláblá, prosseguir divagando não dá... Saúde, só love!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O Tempo, Tal e Qual.

Acordei sabendo que o dia seria cheio. Sabia que tinha duas ou três coisas importantes a fazer, mas lembrei que ainda tinha mais sete ou oito enfadonhas tarefas a terminar. Passaram-se 10 minutos de olhos abertos e ainda não tinha decidido levantar. Sem motivo aparante, os minutos seguintes foram tentando entender porque deixei tantas pessoas para trás, o que de bom as experiências me trouxeram e o que de ruim deixaram impregnado. Quando dei por mim, já estava procrastinando e sabia que o dia seria uma merda se não me levantasse logo, mas resolvi permanecer olhando para o teto com olhos fixos em uma mancha na tintura. Apenas percebi que a mancha foi ocasionada pelo tempo, e pelo tempo sucederam as passagens boas ou ruins durante e depois da puberdade (até porque ainda é muito cedo pra usar o termo "a vida inteira" ou termo que faça alusão a longevidade). Tal e qual foram estas passagens que me deixaram maduro. Em seguida lembrei que 'maduro' só se usa para definir frutas, porque é o Abacate que fica maduro, nós homens continuamos amadurecendo, no gerúndio.

Mas voltando ao pensamento anterior - isso porque já faziam 30 minutos que eu protelava para sair da cama, lembrei da primeira pessoa que eu beijei, depois do primeiro amor que dava como certo para a 'vida inteira'. Brevemente me veio a lembrança do amargo desejo de vingança por não ter dado certo, mas veja só a pretensão em querer encontrar o amor da vida durante a puberdade, que asneira. Queria dizer-lhe que sinto muito, queria a todos os meus enganos dizer que sinto muito, que os queria bem, que talvez um ou outro eu tenha amado ainda que não tenha dito, ainda que me faltasse segurança para dizer. Acima disso, sinto muito ter-lhes deixado para trás, sem qualquer promessa de amizade, apesar de que alguns realmente fora um alívio me livrar, mas outros poderiam ter sido amizades engraçadas daquelas que você planeja viajar para ver lugares diferentes e pessoas inimagináveis. Mas agora aos 21, tanto faz. Deveria ter comprado uma guitarra acústica quando tive chance, ela seria minha melhor amiga e eu a amaria a cada nota, a cada nova sensação visitada.

Levantei, por fim. Tomei banho sabendo que além das burocracias do dia, precisava comprar um José Cuervo para compor as lembranças ao fim do dia. E na falta de um Whisky Natu Nobilis, sou eu quem me nego a ligar para um dos arrependimentos. Sendo assim, é tarde. E quando acordar na próxima manhã, desta vez vou direto ao banho.