sábado, 20 de fevereiro de 2021

passiflora

Semana passada tive uma crise de ansiedade, pressão subiu e fui parar na emergência. Daí o médico me manda pra casa com a porra de uma receita de passiflora (aka extrato padronizado de porra de maracujá).

Expliquei pra ele que eu tenho transtorno de ansiedade, bipolaridade e síndrome de boderlane (sim, eu só tenho o rostinho bonito, sou todo fudido por dentro), e por isso, passiflora não era suficiente.

Ansiedade me gera eventualmente (sem razão lógica) sentimento de fuga, de estar sendo julgado, vigiado, estresse, coração acelera, parece que tem uma mão pesada entre a minha garganta e meu peito, a respiração fica acelerada, não consigo manter um ritmo estável, parece que vou apagar a qualquer momento. Enfim, uma merda. Fico irreconhecível. 

Bipolaridade altera o meu humor e me deixa improdutivo, triste, abatido. 

E síndrome de boderline me faz estar sempre no limite entre a mania/paranoia e o normal. Ou seja, eu não sou nem louco, nem bom da cabeça, eu tô ali na beira do abismo olhando pra baixo e pro horizonte. 

O médico cagou pra mim, eu fiquei logo puta, pq daí já me deu gatilho.

Segue o diálogo:

- por isso dr, eu acho q não vai funcionar comigo. 
- vc é médico?
- não, mas eu faço pesquisa com plantas medicinais e além disso eu me conheço, sei q fitoterápico não vai funcionar nessas alturas do campeonato.

Isso tudo enquanto eu me imaginava virando a mesa dele, sacando uma .45 e gritando "BORA VIADO LIBERA OS OPIOIDES, PELO MENOS UM LEXOTAN 12 mg OU CHAMA UM VETERINÁRIO QUE EU VOU QUERER UM CALMANTE PRA CAVALO PORRA". Pei pei.

Ele me entregou a porra da receita de passiflora (caro pra caralho, mas caro q zolpidem e quetros), eu sorri polidamente, agradeci e fui embora. 

Agora eu tô aqui linda, cheia de passiflora no meu cu e com insônia.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

é carai

É carai, cheguei aos 30 anos.

Olhando pra minha jornada até chegar aqui, eu só sinto muito orgulho, amor, gratidão, compaixão e perdão. Me orgulho de todas as vezes que eu tentei e não deu certo, mas eu tentei. Me orgulho mais ainda das vezes que deram certo. E nunca foi sorte, sempre foi esforço e dedicação. Sinto muito amor por mim mesmo, cuidado, carinho. Grato por ter construído a melhor versão que eu consegui até o momento. Me sento, penso e reflito com muita compaixão, com zelo. Me perdoo por todos os fracassos, mesmo os que eu cometi de propósito. Uma das coisas que a vida ensina bem é que é mais fácil pedir perdão que permissão.

Muito obrigado Breninho, por suportar, por todas as vezes que você acordou e mesmo não querendo encarar o mundo, foi forte o suficiente para entender os seus limites.

Me pergunto o quão longe ainda irei caminhar pra alcançar meus objetivos, sonhos, desvendar minhas curiosidades. Me pergunto se todo esse flagelo do mundo contemporâneo é mesmo necessário ou a gente finge pra dar sentido a todo esse palco, onde tá todo mundo montado, armado e tentando agradar.

Me pergunto se desistir é parte do processo, ou somente mediocridade. Indago se faço mesmo sempre o que quero ou se vivo a trocar de máscaras socialmente aceitáveis.

E essas calçadas que persigo, elas já são o lar ou uma busca eterna por dar sentido as coisas?

Não grito mais, sem guerra, caminho, estratégico. Vai ver a reflexão dos próximos 5 anos é ser mesmo frívolo e de companhia, ou amargo e solitário. Sem promessas que eu já tô na idade de viver com um pé na frente e o outro atrás.

Aceito, vivo e agradeço. Imensamente. 

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

sabotagem

Estou me sentindo só. Mas com você ao meu lado eu também me sentia só. Estou tentando racionar se essa solidão me dói mais que aquela. Ou isso tudo é apenas alguma fantasia absurda criada só para não me contentar com o normal. Isso é desapego ou é uma tentativa de auto sabotagem? Não me movo para o passado e luto contra o presente. É aquela velho movimento de sempre, furtivo e inquieto