segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Me indignando, me enchendo de tédio.

Eu nem lembro a última vez q a gente se beijou. Pq a gente nunca acha q vai ser a última vez. E a gente quer mais. Mas eu precisava de um sinal de que as coisas iriam mudar. E na ausência desse sinal, na ausência de esperança a gente começa a nutrir um sentimento fúnebre, esse eterno embaraço. Daí a gente permanece fingindo que está sólido sem aplicar qualquer sanção ao que está por vir.

domingo, 1 de outubro de 2017

Velhacaria

Hoje num grupo de WhatsApp de professores publicaram um vídeo falando sobre "Ideologia de gênero". 7 minutos de muitos absurdos. E como eu sou um crítico azedo fiz questão de comentar.

Em primeiro lugar que pra dizer que existe Ideologia de gênero pressupõe-se que exista uma ideologia, pensamento dominante pregado fielmente por um grupo, categoria ou classe. Não condiz a realidade. Ninguém de bom senso e boa fé diz a uma criança q ela não nasce homem ou mulher. Na biologia há um consenso de que nascemos macho ou fêmea. Mas, se uma pessoa chega a conclusão, sem nenhum tipo de "doutrinação" de que ela não é nem macho e nem fêmea, como é o caso dos não binários, quem sou eu pra lhe apregoar algum padrão? Aliás, pra crianças pênis ou vagina serve estritamente para manter as funções biológicas. Elas não conhecem toda essa erotização em cima do sexo que nós adultos conhecemos. Professor que parou na licenciatura não reúne condições pra avaliar e definir sexualidade de ninguém. Talvez os psicólogos - os bem intencionados, estão melhor credenciados para opinar.

Aliás, há um consenso na ciência de que sexualidade não parte da genitália, mas do sistema neural, da complexa cadeia de hormônios, e sobretudo de tantos outros fatores de ordem psicológica.

Um material desses pregando a existência de uma ideologia de gênero com certeza é idealizado por religiosos fanáticos e fundamentalistas. Gente ignorante, que não estuda e difama a ciência. Repudio veementemente esse tipo de ideia. Apropriadamente o colega Jevaldo lembrou que líderes religiosos como o Silas Malafaia são oportunistas, demagogos e usurpadores dos fiéis. Seus discursos como dardos inflamados vem dando subsídio a toda essa polarização relativa a gênero. É uma arruaceiro, agitador.

A minha esperança, claro, é que um dia virá uma classe de professores que não mistura suas crenças particulares religiosas com os interesses do Estado. Ao professor servidor público, agente do Estado é reservado no dever da docência proteger a constituição. Constituição essa que deixa claro a natureza do Estado laico. Não interesse religioso. Desse jeito vamos acabar mudando o nome do país de Brasil pra Cristanistão.

Por isso fica meu repúdio. Tenho desprezo por todo o conservadorismo sórdido e tradicionalismo barato.  Me vem, contudo, a calmaria ao lembrar que esse tipo de pensamento está próximo da aposentadoria. Nós jovens e estudantes vamos corrigir a negligência dos antigos profissionais. É justamente pela velhacaria que existem profissionais em escolas que mesmo sendo concursados para serem professores, fogem da sala de aula como o diabo foge da cruz, acostumam-se a ocupar cargo em equipes gestoras e se escondem dos alunos. Ora, não sabem lidar com problemas contemporâneos. Pelo contrário, por terem terminado a faculdade e não terem prosseguido com os estudos demonstram toda a sua covardia escondendo-se atrás de discursos fundamentalistas, o que é extremamente danoso a educação e quando se transfere pra estrutura do Estado é absorvido como fascismo, fingindo se preocupar com a "moral" pra impor seus discursos de ódio a diversidade sexual.

Não citei nome, mas imediatamente meia dúzia já veio se acusando. Ademais, carapuça é tamanho único. Não cito nome porque o cinismo que alimenta os defensores da existência da "ideologia de gênero" é o mesmo que me consome, só que de maneira contrária. Aliás, cinismo não é exclusividade de ninguém.