Antes não nos conhecíamos
Éramos apenas estranhos
Passássemos um pelo outro na rua
E não nos conhecíamos
Por uma faísca e nos conhecemos
E pelos erros não viemos mais aqui
Agora somos estranhos novamente
Mas desta vez com memórias
The beauty of the sun. By and by, a cloud takes all away. - Shakespeare.
Antes não nos conhecíamos
Éramos apenas estranhos
Passássemos um pelo outro na rua
E não nos conhecíamos
Por uma faísca e nos conhecemos
E pelos erros não viemos mais aqui
Agora somos estranhos novamente
Mas desta vez com memórias
Ou pelo menos nunca mais me apaixonei perdidamente. Daquela paixão em que você passa o dia iludido, suspirando, criando cenários? Não fiquei amargo, fiquei mais realista. Depois de tanta decepção com expectativas, agora simplesmente não espero nada. Ou quase nada.
Sabe o que é desejar uma pessoa com toda a sua força? Sabe o que é apenas querer estar perto dela? Isso lá no começo dos seus 20 e poucos anos, quando você tem pouca maturidade e vivência? Quando não tem parâmetros de até onde e quando ir? É especialmente complicado quando se nasce e cresce gay, escondendo quem você é, sem orientação, usando máscaras socialmente aceitáveis. Aí você não sabe mesmo o que fazer com os seus sentimentos. Sem educação sentimental.
Mas você imagina como é ter pouquíssimo dinheiro, reservar uma mesa em um restaurante japonês, esperar por três horas achando que a pessoa ainda vai aparecer? Ela não responde às mensagens, às ligações. Você perde a esperança, resolve comer sozinho, decepcionado, sem acreditar que alguém poderia recusar um gesto tão carinhoso. E sai dali com um choro calado. E é você quem vai atrás da pessoa no dia seguinte, e ela dá qualquer desculpa, como “não deu pra ir”. Isso deixa cicatrizes sombrias e profundas. Você se questiona: o que terá feito de errado? Calcula e recalcula, e não encontra resolução em si. Isso mexe com suas inseguranças, acentua. Frustra. Dói. À noite, você agoniza sem saber se deveria continuar insistindo na pessoa. E seu instinto te trai, e você tenta de novo e de novo. Só para descobrir, lá na frente, que estava errado. E a pessoa diz, por puro desinteresse, que te vê como amigo. Afinal, nunca houve reciprocidade. Ela só gostava das coisas que você fazia para ela.
Faz muito tempo que eu não lembrava dessa história. E só lembrei porque vi o vídeo de um menino que marcou encontro com uma moça, ficou esperando em casa e ela não apareceu. Foi para uma festa.
E isso não me dói mais. Ficou só como uma queloide. Você vê a cicatriz feia, o colágeno que se formou rapidamente para tapar a ferida, sem se preocupar com a estética, apenas com a sobrevivência do tecido. Mas ficou.
E não dói mais. Só que eu nunca mais me apaixonei perdidamente.