quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A Minha Grande Savana

As longos dos tempos, vez por outra estive caminhando só. Sem ninguém para me fazer um chá quando enfermo. Pensando que toda minha erudição morreria comigo, sentindo que o tempo debochava  de mim dizendo que a minha vida não valia de nada.

A meu redor muitas almas fracas, sedentas de atenção, pedindo qualquer palavra de alento, implorando por um pingo de amor; coisas fúteis. Acresce que eu mesmo poderia lhes pedir o mesmo com igual intensidade, se eu estivesse no mesmo páquito da mediocridade de espírito.

Não o fiz. Muitas vezes preferi me isolar bem acompanhado de algum livro de antologias poéticas de autores que nem sequer conhecia, e ainda assim foi a melhor escolha, alimentando a cabeça, a alma, sendo menos alienado, mas não superior ao desejo.

Me escondi, me prendi. Tão menos inconstante não poderia parecer, divagando em folhas de cadernos sobre ser jovem e idoso, audaz e arrogante, um bonito e seletivo moço, mas nem um e nem o outro, apenas sendo qualquer coisa de intermédio.

Estou com os olhos cansados, quase desistindo, mas tão persuadido por minhas próprias palavras que não consigo deixar o bloco de notas e esta ponta 0.5mm andarem por vontade própria espremendo todo pequeno sentimento, agora esboçado, impresso no papel.

Talvez amanhã eu acorde e descubra que isso tudo não passa de troca de hormônios, da idade, sabe. Que falar três idiomas não faz de mim outro, apenas aquele mesmo. Ainda assim, fico com medo de me ver daqui há 15 anos sendo o mesmo; fútil e refutável, intolerante e cheio de tempestades.

Vinte e dois anos, ainda sou um menino dividindo esta paisagem solitária com os pássaros e com uma colher de doce da casca da banana que a minha avó fez pra mim.