quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Acho um pouco bom.

Não me chamem de lunático, mas eu realmente preciso de um lugar que expresse paz. Aqui não há paz, plenitude, felicidade no ar. Sim sim, fino leitor, eu sei que não existe país das maravilhas nesse mundo cão em que nós vivemos, onde até as guerras civis se espalharam entre povos, grupos e indivíduos. E pra manter a paz interior não vale chamar o cara da verdinha, tem que ser de verdade, puro e pra valer.

Eu só estou dizendo que eu preciso de um pouco de silêncio, um pouco menos de estresse, apesar de concordar em viver na histeria, às vezes. Eu preciso de um lugarzinho de algodão, que transmita segurança mesmo com toda a fragilidade. Eu quero achar que os meus amigos que valem ouro não precisam ser vendidos.

Eu quero a minha cabeça na lua com o meu amor, mas com os pés no chão na minha vida pessoal e profissional. As pessoas dizem que não é possível ter tudo o que ser quer, são todas muito pessimistas a felicidade e as coisas que hão de vir com os meus esforços. Eu lhes digo sempre que eu não quero saber se o pato é macho, o que eu quero é ovo.

Quando criança (não faz tanto tempo assim) achava que precisava me instruir, estudar muitíssimo para me manter a par de tudo, para deixar legado e me estabelecer neste mundo. Mas nem tudo que se idealiza se cumpre de igual forma, as circunstâncias vão se alterando, trazendo novas ansiedades. Hoje eu acho mesmo é que a erudição está me levando a loucura.

Concordo com o meu amor quando diz que a nossa relação é muito intensa, que é até doentia. E de fato, as coisas não é como é, é como elas são. São muitas vírgulas para tantas nuances. Porém, me ocorre agora que a minha alegria é a simples existência das coisas, ainda que as pessoas me rodeiem e azedem a minha esperança neste mundo.

E quem irá nos proteger?

Quando jovens, queremos fama e riqueza, sem nos perceber que para a felicidade tudo isso é um amontoado de inutilidades. Já me cansei de ver as pessoas se odiando, se injuriando, praguejando ao vento. Eu realmente preciso de um lugar aonde "What a Wonderful World" do Louis Armstrong faça sentindo: "I see friends shaking hands, saying, "how do you do?" They're really saying, 'I love you'".

Ninguém pode ouvir se eu chorar, porque é quando eu me refugio. Enquanto isso vou dançando e ouvindo as minhas músicas favoritas, até que eu possa decidir se quero tudo isso para mim, ou se abro mão desses desconfortos. Eu simplesmente não posso me deitar pensar no cotidiano, nas pessoas, no mundo e me sentir satisfeito com o amor, quando ele não existe.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

É a noite desamparo.

Sentado na varanda, mais uma vez é madrugada. Está frio, fora do comum, talvez seja eu. Dormi cedo esta noite e acabei com insônia. Achei que deveria fazer um chá para aquecer e acompanhar as reflexões, mas talvez o meu metabolismo nem se importe.

Eu gosto desse cenário, e não trocaria este momento a só por grafismos musculares e uma conversa fútil sobre qualquer coisa, isso aqui é um momento para apreciar. O silêncio grita a verdade e você sabe que não há uma terceira opção como sair por aquela porta e fugir da realidade. É ficar, fazer as vontades alheias ou me apartar do mal que isso me faz.

A Hanna tem razão quando diz que eu não posso vencer essa. Ela diz que das duas uma: eu forço o desapego ou levo a situação até o limite as duras penas. Ela sabe que as minhas crises de meia-idade aos 21 são muito mais porque eu sempre sou lembrado pelos defeitos, não pelo que de fato sou. Até porque, para qualquer um é muito mais conveniente lembrar-se dos outros cheios de problemas, imperfeições, pelo menos assim não precisamos amá-los pela sua simples existência.

Percebo enfim, o que de fato nunca deixou de me rodear, que não importa o quão transparente eu seja, eu sempre vou ser estigmatizado. As pessoas nunca vão me conhecer como realmente sou, mas como pareço ser. Não faço mais questão de ter, ou de internalizar o que for material. Quero a cumplicidade, o puro. Não quero ninguém me dizendo sobre a filosofia ou as ciências. Odeio conclusões. E que maçada me quererem todo pré-moldado, formatado, padronizado, cotidiano, tributável, para por fim servir de companhia. E contudo, eu não sinto a solidão.

Não vou mais olhar duas vezes se fechei a porta de casa, me certificar que não fui duro demais com as palavras, não vou mais me questionar se isso aqui é realmente vida. É bom treinar a própria segurança. O porquê da vida é simplesmente acompanhá-la. Aliás, eu não tenho roteiro, a vida contracena comigo porque é boa atriz, mas é tudo improviso. 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Chamar o sapo de príncipe (O casamento)

Este fim de semana fui ao casamento de uma amiga. Foi tudo no mínimo interessante. Ela só tem 23 anos e acabou de se graduar. O esposo dela era da mesma turma da faculdade, mas eles nunca nem se olhavam. De repente, este ano começaram a criar maior afinidade, intimidade e veio a proposta. Ela, casta desde sempre, aceitou imediatamente. Pra mim esse aceite foi um bocado estranho porque eles se conheciam há muito tempo e nunca nem tinham se notado, então não podia ser amor at first sight. De qualquer forma, isso não é da minha ossada. Fato é que eles se apaixonaram perdidamente e agora estão casados.

Sábado a noite antes do início da cerimônia estávamos todos a esperar pela noiva, que sempre atrasa. O atraso rendeu horas conversando com os colegas da faculdade que ali se faziam presente, confesso que já estava bastante enfadado de ter que contar as minhas novidades e ouvir as novidades deles (meu lema é sempre estar bem e nunca ter novidades, pra evitar conversas extensas e improdutivas). Lá pelas tantas entra a noiva, parecendo uma bonequinha em um conto de fadas. Todos de pés, os professores da faculdade chorando, tirando foto e eu ainda achando tudo um infortúnio morrendo de vontade de ir embora. Mas com o começo da cerimônia, as promessas, a troca de alianças, o beijo de cinema, se espalhou uma onda de emoção que tocou a todos, uma vontade de planejar aquilo para mim, no futuro.

Lembrei que há pouco mais de um ano tinha planejado o mesmo com uma moça que conhecia desde os 15 anos, nós nos gostávamos e nem vale a pena dar detalhes porque a maioria dos posts desse blog foi sobre ela. Não preciso dizer que não deu em nada, não é? Ela foi morar em outro estado e lá se casou com outro, até aonde eu tenho notícia. E não estejas a rir-se. Pra quem não sabe, Freddie Mercury compôs a mais lembrada balada do Queen - Love of my Life, para uma mulher a quem dedicou amor, mesmo sendo gay. Hoje, novamente estou namorando. É um namoro como qualquer outro, com açúcar e afeto, ironia e histeria. Começamos há pouco tempo e temos a certeza de que vamos permanecer juntos, exceto quando brigamos e imediatamente dá vontade de dizer Adeus. Mas é normal, sempre acontece com todos os casais.

De fato, é muito difícil fazer qualquer relacionamento dar certo. O seu com o seu chefe. O seu com sua família. O seu com o cara da frente na fila do banco. É muito difícil. Porque os seres humanos por natureza são irritantes com seus orgulhos, desafetos, contendas, imaturidades, vinganças etc. Mas ninguém quer ficar sozinho. Porque quando eu chego em casa, o dia parece não ter valido a pena e nada parece estar pago. Só há um grande espaço na minha cama e não há paz se eu não escuto aquela voz. Então, quando tudo parecer que está quase perdido, que pode ser esquecido, que não é mais minha maçã, eu vou desistir de tentar fazer as coisas ficarem certas e elas que se resolvam. Eu não quero esse poder, toma ele pra você. Eu ainda sou muito jovem, só quero poder chamar o sapo de príncipe e achar que eu posso mesmo amar cegamente, loucamente. Já diria Olavo Bilac: "Como é bom poder enfim dizer o que nos enchia o coração.".

O casamento foi muito bonito, fiquei contente. O Buffet também estava impecável e eu só posso desejar os mesmo clichês de sempre, felicidade e prosperidade ao casal. Não acho pretensão querer ter sorte no jogo e no amor. Os homens deveriam mesmo ser mais próximos.

E quem quer ser certo como a chuva?

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Ora, francamente.

E quando você adora a pessoa mais preferiria que ela fosse muda?
Eu tenho absoluta certeza de que a maioria das pessoas que me conhecessem deseja isso de cara. Mal elas sabem que eu estou desejando o mesmo at about the same time. É tipo contratar uma empregada doméstica que veio do interior pra trabalhar na sua casa. Ela passa o dia inteiro falando sobre a vida dos vizinhos. Daí você preferiria que ela fosse haitiana, pelo menos não dá pra entender uma palavra sequer do crioulo ou francês mal falado, como quiser. Seja como for, gente desagradável, arrogante, metida a merda, mister know-it-all tem as pencas em todos os lugares e aparecem sempre nos momentos com menor teor de paciência. Ora, vamos, já é suficientemente chato ter que sair de casa todos os dias e ter que lidar com as pessoas da rua, os colegas da faculdade, os professores, a mulher chata da Xerox, o orientador que desorienta, o chefe, a família paterna que pede pra você ir visitar, o irmão gêmeo  que depois de adulto quer ser amigo... ao diabo, todos.

Mas ainda assim, você reconhece que essas pessoas fazem parte da sua vida e não tem promessa sem jeito que o livre dessas almas sedentas de atenção, carinho, compreensão, um pão doce e um copo d'água. Eu mesmo só espero em troca um cafuné, um cobertor de orelha fixo, nesse verão tão rígido... fingir que acredito em vocês. Só não aceito sarcasmo e ironia, até porque isso é coisa pra gente engraçada e inteligente. O emplasto mesmo seria poder ter juízo - que me falta, o que eu tenho de sobra é tesão. A gente age tanto por impulso que dá tudo certo, só que ao contrário. Às vezes injuriamos os outros, mesmo querendo bem, só para testar. Não dá mesmo pra ser politicamente correto 24 h by day, até porque se é politicamente não é correto e vice-versa. Em outras ocasiões você quer chorar de raiva, gritar, espancar a outra pessoa e até imagina a possibilidade de concretizar o desejo, já que ser réu primário só vai levar a uma noite no xadrez e responder o processo em liberdade, mas eu já disse antes que é tão difícil arranjar um advogado bom que é melhor fingir que eu faço yoga, sorrir forçadamente e ir-se acalmar em outro ambiente.

Já bebi algumas vezes até vomitar achando que era a melhor forma de me divertir e sair do sério. No outro dia, acordar morrendo de dor de cabeça e sentindo que precisava beber o rio amazonas pra repor o líquido perdido durante a idiotice me fez ver que é melhor sentar, escrever e torcer pra que os meus pais não descubram esse blog. Prefiro meu playlist com Ryan Adams, Pearl Jam e Billy Joel. Espero não me indignar na terceira faixa e ter que digitar mais um texto desconexo.