segunda-feira, 23 de julho de 2012

A little bit(ch)

Na semana passada foram quatro reencontros inesperados. Daqueles que você não marcou nada e nem convidou para um café, desagradável mesmo. Nessa vida atribulada, cheia de a fazeres encontrar quatro pessoas do passado em uma única semana é no mínimo curioso. A cidade é pequena e provinciana, verdade, e com isso meio mundo sai de casa e convergem todos nos mesmos lugares.

A primeira ligou e disse que tinha encontrado o meu número "por aí" e a saudade levou a me ligar pra saber se estava bem, eu: "bem, obrigado.". Fui educado, claro, culpa da minha mãe ter me colocado tanta frescura e filtros pra tratar os outros, podia ser um pouco mais rude e grosseiro como o meu pai. Ainda assim, pautado por educação disse que estava tudo apenas bem e que as novidades eram as mesmas de sempre.

A segunda eu tive a infelicidade de topar na rua e daí não tinha como ignorar, tive que sorrir, abraçar e conversar por uns longos três minutos. E não me faça o leitor cara feia! Não me venha com essa de 'falsidade', falsidade seria dizer que essas situações não acontecem e você tem que fazer o mesmo, sorrir e ser agradável, não sou eu quem vai destratar alguém na rua só porque não vou com a cara.

A terceira veio a mim para dizer tudo o que eu já tinha escutado antes da mesma boca, sobre os mesmos sentimentos do inconsciente e a esta não consegui ser indiferente. Expliquei com calma e carinhosamente que era muito mais proveitoso sermos apenas amigos, porque esta decisão já tinha sido tomada há alguns meses e não tinha mais o que lhe prometer senão minha devota amizade. Não fui indiferente porque com esta terceira não tive desafetos e nunca existiu entre nós dois algum clima de animosidade, nunca aumentei sequer a voz e só poderia ser agora uma boa amizade.

A quarta e não menos detestável que a segunda eu fui obrigado a encontrar na companhia de três bons amigos. Entrou no carro depois de mim e eu tive que novamente usar todas as frescuras como manda o figurino, "boa noite, como vai? bem, obrigado". Apesar de ter sido um relacionamento rápido e enfadonho, ficou no passado e da minha parte não há mágoas, ódio... a criatura é por outro lado, detestável por natureza. Passou a noite in-tei-ra sendo asquerosa e tentando me irritar com indiretas, falando alto, às vezes cochichando e gesticulando com seu melhor amigo, mas num tom que dava pra entender que era sobre mim. Pra mim não foi o mais agradável sentar na mesma mesa, mas me subiu uma indiferença tão grande que lhe deixei falando só e nem sequer lhe dei o desfrute de uma anedota, quanto mais ficar glosando como se fosse necessário.

Contudo, pensava comigo que se fosse pra abrir a boca, seria pra dizer "Escute, aproveite a noite com as outras pessoas da mesa, eu já sou passado e nem notícias suas eu tenho mais. Não me queira mal, me queira bem porque eu estou te querendo bem neste exato momento, da minha forma."

A indiferença não é tratar os outros mal, ser inconveniente e se vingar com baixarias. Mas você sabe que nada dói tanto quanto perder. Sabendo disso, a noite decorreu sem lhe dirigir uma outra palavra. O chato foi ver que passei a noite sendo observado por alguém que lá longe tive carinho e que agora me olhava como uma hiena, sorrindo e querendo ferozmente avançar no meu pescoço. Eu, com semblante calmo já tinha mudado de estratégia há muitos anos e já estava bastante satisfeito com toda a situação. Na hora de me despedir, novamente vesti o traje da elegância e ao pé do ouvido: "Vê se fica bem!".

quinta-feira, 12 de julho de 2012

As promessas da noite passada

Neste mundo assaz vasto, onde tudo é tão pioneiro, onde cada sensação marca como cicatriz... a conheci.
Uma existência superiormente interessante, um olhar penetrante que me dizia exatamente o que queria. Não bastou algumas horas de conversa, veio a certeza de que esta seria uma noite intensa. As horas passavam, os risos bobos se multiplicavam, a vontade de não se largar aumentava e quando calados não se sabia ao certo se deveríamos dizer algo ou simplesmente deixar que os olhos se comunicassem.

Sucedeu desta forma, estávamos no mesmo ambiente, dos menos prováveis de conhecer alguém que seja comum a semelhança. Os olhares disfarçados, as quinhentas idas a mesma mesa de frios como pretexto para uma tentativa de início de conversa. Não demorou e a conversa tinha que começar da forma mais descabida. O ambiente era chato, confesso, resolvemos sair de lá correndo para outro lugar onde pudéssemos nos preservar do mundo todo. Bebemos, comemos e já eram 23h:30 e então pra que ir para casa? Ficamos juntos. Os toques, olhares, o cheiro, o copo de água, o atrevimento foram decisivos para troca de adrenalina. Sabia que teria de lhe deixar pela manhã, mas porque não passar a noite tirando suspiros de cada parte de seu corpo? Aquilo já tinha ido longe demais e tudo tão erótico e preliminar... não tinha como voltar.

Não era a primeira vez que ouviam aquelas sentimentalidades, mas o orgulho aumentava acrescentando a si mesmo um êxtase que só seria avaliado pela manhã. De mãos dadas, acreditando na noite passada, trocamos números, e-mails, endereços e todas as facilidades para dar a certeza de que não teria sido one-nights-stands. Faz frio, estou frio e a delicadeza da noite que me reserve muitas outras noites. Os olhos cansados, as promessas dadas, que calmamente o escurecer me dê as respostas nos olhos de Maria.

terça-feira, 10 de julho de 2012

E você que se dane.

Acontece que já nem é mais tempo de esperar pelo passado. Que você se arrependa dos seus pecados e resolva se redimir. Você sempre disse ter certeza de que estava fazendo as coisas certas como um presidente audaz e mão forte de um ditador cubano. Eu acho que você não passa de uma criança tola repetindo erros para satisfazer as mesmas necessidades de sempre. Você foge de suas obrigações porque sabe que momentâneamente será mais prazeroso e é disso que você precisa pra voltar a rotina. Mas até as crianças irritantes se sentam e ouvem conselhos. E a sua inquietação não te permite se firmar na felicidade. Não adiantou por tanto tempo me vigiar e não ter sequer coragem para me destruir com as suas infiltráveis palavras. Porque quando você se foi, eu já não via tanta esperança assim para pedir que você ficasse.

E se tudo se perdeu, porque você não entende que este é um final feliz?

Você também desistiu muito fácil, eu achava que você gostava mais de mim. Você sabe que o amor não pede nada em troca,  aceitá-lo já é a sua recompensa, e isso é tudo que nós precisamos para seguir em frente. Você deveria ter me dado salvo-conduto quando eu pedi e ter ido crescer. Agora eu quero é anistia até esquecer do sufoco que era ter que pisar em ovos com você. Então nem queira pensar, inevitavelmente você será de outro homem ou de outra mulher. Eu serei o meu melhor amigo e direi todas as manhãs que nem eu e nem você somos o centro do universo.

Então quem somos nós para possuir definitivamente o amor?

Não é mais por você que as manhãs nascem e a minha rotina será a mesma. Me perdoe se eu for fraco o suficiente pra não fazer um escândalo no seu casamento. Estarei no bar mais próximo a cerimônia ouvindo a marcha e tentando me acalmar com um copo e três cubos de gelo. Mas no enterro dos meus sentimentos eu vou, prometo. Cercado de bons amigos me protegerei e você que se dane. Vá em frente e leve tudo. Porque amanhã tem sol!