terça-feira, 17 de setembro de 2024

A Jornada do Grande Sonhador

Era uma vez, num reino encantado de cores e alegria, um jovem chamado João, que tinha um grande sonho: ele queria ser o maior ator que o mundo já viu. João não era só talentoso, ele era mágico! Com o brilho no olhar e o sorriso mais bonito que você já viu, ele encantava todos ao seu redor.

Durante o dia, João vivia numa grande floresta chamada Escola dos Sonhos, onde ele ensinava pequenos duendes e fadas a soltarem sua imaginação. Ele dava aulas de artes mágicas, mostrando como os pincéis e as tintas podiam transformar o mundo em um lugar mais bonito e divertido. As crianças adoravam João, porque ele era gentil e fazia todo mundo se sentir especial.

Mas a rotina de João era puxada! Ele tinha que correr de um lado para o outro com seus materiais mágicos, preparar as lições e criar novas formas de encantar seus pequenos alunos. À noite, João não descansava — ele ensinava os elfos da Noite Criativa a como contar histórias com o coração. Estavam todos preparando uma grande peça lúdica, que seria apresentada em dezembro para todos do reino.

Mesmo quando as coisas ficavam difíceis, João sempre encontrava fadas e elfos que o amavam e estavam lá para ajudar, oferecendo risos, carinho e chocolate quente nos dias frios. Eles lembravam João de como ele era importante para o mundo, e como todos acreditavam que um dia ele realizaria o seu grande sonho.

Num momento onde João já duvidava de suas habilidades, apareceu uma pessoa muito especial no reino, que passou sempre estar por perto, acompanhando cada passo da jornada de João. Essa pessoa não falava muito, mas tinha um olhar de admiração e carinho. Sempre que João duvidava de si mesmo, aquele olhar silencioso e os gestos de apoio estavam lá, como uma presença constante e reconfortante, lembrando-o de que ele não estava sozinho nessa caminhada.

E então, um dia, aconteceu! Durante uma noite de estrelas brilhantes, João recebeu um convite muito especial: ele seria o ator principal em uma peça mágica que seria vista em todos os cantos do reino. João ficou nervoso no começo, mas com o apoio das pessoas que amavam ele, especialmente daquela pessoa especial que sempre o acompanhava, ele subiu ao palco.

E quando as cortinas se abriram… o reino inteiro prendeu a respiração. João brilhou como nunca antes! Cada palavra, cada movimento que ele fazia era mágico. As pessoas riam, choravam e se encantavam com sua performance. No fim da peça, todos ficaram de pé e aplaudiram por minutos a fio.

E assim, João se tornou o Grande Ator do Reino Encantado, conhecido por sua gentileza, talento e coração gigante. Mas, mesmo sendo famoso, ele nunca esqueceu das pessoas que o amavam desde o começo, incluindo aquela pessoa que, de forma tão especial, apareceu para trazer afeto e conforto e estava presente para ajudar ele a realizar seus sonhos.

E antes de dormir, João sorria… sabendo que, apesar de todas as aventuras e desafios, ele sempre teria a certeza de que o amor e os sonhos eram o verdadeiro palco onde ele brilhava mais.

Fim.

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Guilherme

Esse é meu irmão mais novo Guilherme. Em 2015 numa noite chuvosa e super conturbada nós fomos superados abruptamente. Eu lembro da tristeza dele em me ver partir e lembro da minha também. Ele não tinha idade pra entender o que estava acontecendo e eu não tinha como explicar, a única coisa que eu pude fazer foi pegar ele pelos braços, olhar nos olhos dele e prometer que um dia eu voltaria pra ele.

E todos esses anos se passaram, e na minha mente eu perguntava se ele me odiava, se sentia algo negativo em relação a mim, se ele lembrava de quando eu descia do ap e levava ele pro estacionamento pra jogar futebol, acresça-se o fato de que eu odeio futebol, e essa sempre foi a paixão dele. Mas ele sempre foi a minha paixão e eu jamais poderia ignorar nada que ele amasse porque ele é aquilo que o Chico Buarque chamaria de “pedaço de mim, metade afastada de mim”. Me perguntava se ele ainda lembraria de mim. Se ele não lembrasse, como eu voltaria pra ele? “Que a saudade é o pior tormento. É pior do que o esquecimento.”.

Durante a pandemia eu recebi uma solicitação pra me seguir aqui no insta, um perfil sem foto “Guilherme Amorim”, e eu sempre tive vários alunos chamados Guilherme, aceitei achando que era algum aluno que eu tentava ajudar on-line no contexto da pandemia. A que me assustei “será que é o meu irmão Guilherme?”. Perguntei a ele, que me respondeu “sim mano, tô com saudade”. Chorei, chorei muito. E ele se lembrava de mim, e ainda tinha lembranças boas de mim, e ele lembrava de jogarmos futebol. “Metade adorada de mim, lava os meus olhos”. 

Passamos os últimos anos conversando e esperando pelo momento em que poderíamos nos encontrar. Depois de 9 anos esperando pra reencontrar ele, agora ele já não é mais o meu neném, o meu pirralho, é um rapaz de 15 anos, mais alto que eu, com gostos próprios, por isso pergunto que música ele gosta, o que ele gosta de assistir, já não é como antes quando eu escolhia um rock e fazia ele dançar pra gastar energia, enquanto eu filmava e participava com a energia que tinha após um longo dia de trabalho e faculdade.

Após o nosso encontro ontem dirigi até em casa quase que sem atenção com um misto de satisfação e nostalgia. Um tanto exaurido. Talvez não faça mais sentido olhar pro passado e reviver a dor de ter sido privado do amor. Talvez seja melhor receber e retribuir esse amor acumulado para por fim nos conhecer, reconhecer.

Te amo muito Gui. Eu prometi que voltaria, eu voltei. Obrigado por me receber na sua vida com tanta generosidade. Você sempre foi muito importante pra mim e sempre será. Ontem significou muito pra mim.

Como diria o poeta Olavo Bilac “Como é bom poder enfim dizer o que nos enchia o coração.”.

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Viu?

Oi Vi, tudo bem? A gente pode conversar um instante? Beleza, obrigado.

Então, não tem forma fácil de dizer isso, mas acho que a gente se precipitou quando falamos de namoro. Eu sei que você gosta de mim, consigo sentir isso, não precisa insistir, eu também gosto de você. Acontece que nitidamente não tá rolando. A gente não se comporta como um casal. A gente tá mais pra contatinho ainda, sabe? Não, eu não tô te trocando, até porque não tem outra pessoa. É só que eu não quero me confundir, e nem te confundir logo agora nesse momento das nossas vidas. Você tá aí começando nesse trampo novo, eu tô bem focado na minha carreira e precisamos colocar nossas energias nisso. Depois que eu voltei daí no domingo você disse que tava inseguro, você disse que era com o seu corpo, mas eu posso perceber que algo mais te incomoda. E sabe, pra iniciar um relacionamento é necessária muita responsabilidade, é o que tô tentado aqui, mas na direção contrária. Demanda pelo menos cuidado, afeto, dedicação, respeito, admiração, tesão, e tudo isso nós temos, menos o tempo.

E eu te vejo. Você já iniciou falando de namoro, de morar juntos, apagar os contatinhos (que eu nem tenho), e parece que você deu um passo atrás. Por puro receio. Não temos nos dado bom dia, o nosso amor sequer virou um bom dia. Por isso te escrevo totalmente de peito aberto, pra ser transparente. Não vamos começar nada nos atropelando. Não podemos prometer nada um para outro no momento do tesão. E você é um tesão, sei que você tem essa insegurança de não ser o que eu desejo. Eu te desejo, mesmo. E os seus olhos calmos são tão lindos. Mas isso não é o suficiente para falarmos em compromisso. Não te quero mal, não estou pedindo para perdermos a comunicação, a menos que seja necessário pra você. Faça absolutamente tudo que esteja ao seu alcance para se blindar.

Não faça assim, não retruque dizendo que eu não sei do seu sentimento. Eu sei, creia-me. Eu já estive aí do outro lado, mas do lado de cá não tinha uma pessoa honesta pra dizer exatamente o que se passa. Eu te vejo. Você é pisciano também e tem quase que todos os costumes que eu odeio em mim mesmo. Mas isso nem seria assim tão um impeditivo, afinal, eu convivo comigo mesmo, não é? Rs. Mas eu sou inevitável. Nós não. É, tem dias que eu não me suporto, mas aí eu me anestesio. Sei exatamente como você se sente, me coloquei no seu lugar antes de começar a escrever. E eu tenho quase dez anos há mais que você. Não se trata de inteligência, não estou te subestimando. Estou falando de vivência. Eu já estive aí. Mais de uma vez.

Não quero me magoar, nem te magoar. Quero que a gente seja feliz, que esteja pleno e satisfeito com o nosso viver. Você é uma pessoa muito bonita e eu vejo isso. Tô te falando sobre proteção, sobre a gente se blindar de começar algo de maneira torta e lá na frente se arrepender. Não quero ficar olhando para a tela do celular esperando pela sua notificação que virá a qualquer momento seu, não o meu. Não é o momento, só isso. Qualquer hora dessas a gente pode ir na fórmula um. Não se apresse. Qualquer hora eu passo no morro. Mas dessa vez eu não morro.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

Esquecimento

Você tá com raiva, eu tbm tô com raiva.

Você diz q precisa de espaço e tempo, acontece q eu preciso dessas coisas na mesma intensidade.

Então não é justo q vc espere q eu esteja disponível pra hora q vc quiser voltar. Não é justo q eu deixe esse canal de comunicação aberto e q eu esteja a disposição pra qualquer hora q vc quiser voltar. Essa ansiedade só vai me entristecer, me enojar, me encher de tédio e indignação.

Eu não quero conversar, sobretudo por rede social. Corremos o risco de não nos entender, e com efeito, essa raiva pode se tornar ódio, desprezo. Então, te acalma, não deixa que essa ânsia te consuma. Segura a tua onda q eu tô segurando a minha.

Fala mal de mim, deixa que as tuas impressões e as tuas suposições justifiquem tudo de podre que ficou dentro de ti.

Fala, fala e fala. Pragueja, depois engole seco todo esse sentimento como se fosse veneno, esperando que me atinja e que me mate.

Inventa, aumenta, explora todas as possibilidades. Que essas histórias vão passar pra ti como alento. A tua covardia em não deixar que eu me defenda vai te soar como um troféu. E me culpa, me culpa. 

E tudo isso eu aceito, eu fiz a minha escolha e sou fiel a ela.

Aceito desde que eu não tenha que ficar aqui esperando e esperando pelo “dia em que nós sentaremos juntos num bar, tomando uma cerveja para rir disso tudo”. Eu não aceito essa promessa. 

Não vou aceitar. Não vou fingir que não me profanou, me acusou e rir como se a sua meninice não me afetasse. Não vai ter nenhuma marcante no final dessa noite.

Não vou molhar os lábios do meu traidor. Não pense que eu posso cuidar da tua embriaguez, te dar colo de novo na volta da madrugada chuvosa, quando ninguém cuidou de ti. Perdeu até o teu olhar, mas para bater na minha porta foi a única solução. Não venha se consolar quando for abandonado como da última vez, ou da vez anterior.

Não posso te perdoar por agora, deixa o nevoeiro sumir e o sol aparecer. Nesse inverno tão rígido, talvez demore esses dias ou anos. Se a coincidência nos der o fino trato de explicar por si só essas tormentas seremos agraciados com o nosso amor.