Estive por horas com o lápis na mão, meu bloco de anotações aberto e ainda não tinha certeza se deveria escrever. Apesar de ouvir boas críticas em relação a minha escrita, não gosto de ter que reunir os pensamentos e estruturá-los em textos. Tenho a sensação de que as palavras saem de mim e os sentimentos vão me abandonando, é como se eu deixasse um pedaço de mim.
Gosto de observar o céu mudando de cor no entardecer. Me pergunto aonde será que passaram o dia estes belos pássaros que agora gorgeiam inquietantemente. É no mínimo interessante como alguns deles nunca abandonam seu par, quando os acham. Me pergunto se essa cantoria toda é para atrair o parceiro ou se estão apenas satisfeitos em fazer isso, porque são livres.
Nós homens, passamos a vida inteira iludidos com momentos, objetos, pessoas, representações e especialmente com o futuro. Vejo o meu irmãozinho muito gracioso cantando e dançando porque eu prometi que lhe daria um chocolate se ele fizesse isso. Lembro da minha ex-namorada rindo e dizendo que achava ter me ganho no cansaço, mal ela sabia que a suspeita era recíproca. Não consigo imaginar o amor que os meus pais dizem ter sentido um pelo outro, porque eu nunca os vi juntos. As vezes quando me sinto assim me levanto, arrumo o quarto todo porque sei que vou encontrar fotos, imagens, recordações dos sorrisos, bolos e bicicletas por onde um dia passei.
Já foram tantos bares, bocas, corpos esculturais, curvas sinuosas, algumas mentes brilhantes, cabeças artísticas em segundas doses, chances e arrependimentos que eu nem sei se vale a pena observar a liberdade destes pássaros no céu neste exato momento. Eu só sei que eu deveria mesmo parar de beber a esta hora do dia. Às vezes a gente nem sabe que as coisas estão indo pelo caminho errado e que você está suportando tanta coisa, gastando tempo com sensações revisitadas, até que você sai da rotina e percebe que não é obrigado a se pôr em um espaço entre todas as coisas evitando alcançar os próprios limites. Insisto, às vezes você nem sabe que está mal, até sair da rotina.
Existe una historia que dice que si echas de repente a una rana en un recipiente de agua hirviendo, esta salta rapidamente hacia fuera para salvarse. En cambio, si pones a la misma rana en una cacerola con agua fria o del tiempo e vas poco a poco subiendo el fuego hasta que el liquido hierve, el pequeño anfibio no reacciona porque no nota el cambio, y acaba finalment muerto y cocido. Moraleja: las condiciones, pueden llegar a ser tan insuportables que uno ni las nota, siempre y cuando el cambio sea lento.
Anoiteceu, nem tinha notado. Os pássaros pararam de gorgear e restou a personificação do eu vista em seus olhos. Eu tentei do seu jeito, mas não tenho nada para mostrar. É pau, é pedra, é o fim do caminho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário