quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Amor para dois, por favor.

Falo de você para as outras pessoas e elas não acreditam. Elas sempre ficam sépticas quando digo que foram seis anos de amizade, e um desses de enrolação que nós insistíamos em dizer que era um compromisso. Pela educação, classe, elegância, pelo companheirismo e compreensão. É claro, uma infinidade de adjetivos que podem até soar inconvenientes e indelicados agora. Alguns me olham estranhando você ser uma garota, com a mesma idade que eu e objetivos bem parecidos, exceto que você não queria filhos. Outro dia, contando sobre os nossos seis anos juntos, uma amiga minha chorou, acredita? Ela disse que era uma história muito linda e emocionante.

Parece mesmo um conto de fadas - com licença da metáfora. Eu tive tudo, eu tive o melhor, mas deixei passar. Não é como ficar num paradigma, eu superei, inclusive te escrevo enfim por insistência da minha psicóloga que me passou este exercício todo desconcertante para encerrar este assunto. Eu só acho que as coisas poderiam está diferentes, nós podíamos ter continuado pelo menos amigos. Você foi a única garota que eu amei, em verdade. Você nunca conseguia me perguntar se eu sou gay, e talvez eu seja. Talvez todos sejam ou talvez eu esteja louco, exatamente como você, que insistiu tanto num garoto que você nem sabia da sexualidade.

É verdade, naquela época eu beijei alguns garotos, tive algumas paixonites, mas e daí? Nenhum deles marcou tantos detalhes e deixou tanta certeza de que aquilo sim era amor.

- "Amor para dois, uma dose, por favor."

Os meus amigos dizem que eu deveria ter insistido, outros simplesmente não entendem a situação mesmo depois de eu ter explicado passo-a-passo o que se sucedeu entre mim e você. Daí então não me culpe. Às vezes a plateia não tem talento. Eu gostaria mesmo de ter tido a oportunidade de um dia com você explicar que não precisava mudar, não precisava de nada, nós já tínhamos tudo - e acima deste todo, nós éramos amigos, bons amigos, melhores amigos. Basta existir para se ser completo. Então tenha o amor, pegue! Não me queira mal, me queira bem, porque eu estou te querendo bem neste exato momento.

O que eu nunca me conformei foi por ter sido tudo tão dramático, com sentimentos confundidos, porque namorar não significa amar. Amor é um sentimento puro, extraordinário, exclusivo que só quem sente pode dizer. Namorar, por outro lado, é mera convenção social. É por isso que eu insistia que não era necessário firmar um compromisso tão sério, cheio de confirmações para que nós dois fôssemos felizes juntos. Já não éramos amigos? Mas eu sei que errei, te deixei esperando, criei em você falsas expectativas e, por isso, eu estou me redimindo. Apesar de parecer tudo tão controverso e contraditório, o que estou dizendo agora não anula o que foi dito antes. Se te agradar, me pago da tarefa, se não, continua te sendo um fardo lembrar deste desfecho todo sem graça e Adeus. Se tu me vires por aí, me abraça forte pela última vez, como se estivesse me pagando à dívida deste fim.

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