quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Que falta faz a psicanálise.

Ontem pela manhã acordei tentando entender um curioso sonho que tive. Um sonho estranho, como qualquer outro porque sempre são coisas absurdas e inimagináveis quando acordado. O que mais me pôs a pensar foi que eu lembrava nitidamente de tudo que havia ocorrido enquanto inerte.

Acalma-se, eu vou contar como foi o sonho, mas antes preciso dar nota a alguns fatos. Quando eu cursei psicologia da Educação e depois psicologia da Aprendizagem na graduação, li bastante sobre psicologia clínica e psicanálise e por isso imediatamente lembrei dos estudos de Interpretação dos Sonhos de Freud. Você, fino leitor, vai tentar me lembrar que os sonhos tem totalmente a ver com a realidade observável ou dado momento factual do cotidiano. Sim, disso eu sei e também que estou lidando com quase déspotas esclarecidos portadores de alto conhecimento etc. O que me admira e consterna é a forma como se manifesta os sentimentos do consciente no inconsciente.

Bem, tendo levado estes fatos a consideração, o sonho ocorreu desta forma:
Sonhei que andava de madrugada cautelosamente com muito medo do escuro por um bosque com trilhas construídas com cimentoBuscava enxergar algo entre as árvores, mas não via nada. Lá pelas tantas, me apareceu um meigo veado (um cervo, seus engraçadinhos), com olhos muito doces e calmos que surgiu do nada, tipo um desenho idiota da Disney. Porém, quando ele chegou bem próximo a mim começou a morder ferozmente a minha perna. Eu não sentia a dor, mas era apavorante. Tentei expulsá-lo de perto de mim, mas não conseguia. Acabei me irritando muito e reagi, peguei ele pelo pescoço e torci até o matar. Fazia isso com muita fúria e angústia como quem desesperadamente deseja se livrar da situação. Porque muito provavelmente eu não queria matá-lo, queria matar a agonia e a dor que aquilo me  trazia. Em seguida acordei apavorado e dando graças a Deus por ter sido só um sonho. Mas você sabe, querido leitor, que é difícil aceitar um sonho tão nítido que deve ter total relação com sentimentos reais.

Durante o dia conversei informalmente com um amigo que está prestes a se formar em medicina e que é estudioso da psicanálise - e também fascinado por ela. Ele assustado, insistiu que eu deveria buscar um profissional e ir debater sobre o sonho. Respondi a ele que não via necessidade, já que o sonho nem sequer era recorrente e acho tudo um drama só da parte dele. Mas é nesta hora que emerge uma vontadezinha de ligar para àquela psicanalista que os meus pais me forçaram a visitar quando criança e torcer para que esta múmia centenária esteja viva, clinicando e interpretando sonhos feito uma vidente. Eu mesmo não me atrevo a interpretar nada, não tenho competência para isto. Mas sei que o sonho está ligado a pessoas próximas a mim, principalmente a frustração que elas me trouxeram ultimamente e como isso projeta a minha falta de coragem em confrontar meus medos, angustias, decepções e raivas.

Sem respostas, ainda intrigado, só tenho uma certeza: por via das dúvidas esta semana vou jogar veado no jogo do bicho!

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