quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Bruno

- É só marcar que a gente vai tomar esse sorvete... Compra um patins pra ti também...

Bruno, don't think we're ok just because I'm hear, you've hurt bad but I won't shed a tear.

Sorry, pausa na Duffy. Warwick Avenue. Too dramatic.

Não pense que está tudo bem. Você me magoou feio (mais esta vez) no dia que marcou de ir andar de bicicleta e fez um escândalo dizendo que não ia esperar porque eu iria me demorar. Veja como a sua ingratidão me dói. Exatamente uma semana antes quando tu estavas doente ligou todo mansinho pedindo ajuda. Tua namorada não te ajudou, nem conte com nossos pais, muito menos teus amigos. Tamanha é a lei de afetividade e intimidade que o sangue clama, que fui o santo mais preciso (e rápido) pra quem enviastes uma prece. Naquele dia eu tinha compromisso, sabe. Mas saí o mais breve que pude do trabalho pra te comprar os remédios, eu conheço essa tua demanda de alergia since we were kids. Então eu perdi minha sessão de acupuntura e tu chegou atrasado. Tu estavas em casa descompromissado naquele dia, eu de ônibus deixando um compromisso tentando ir a outros dois, tu de carro. Eu cheguei no horário marcado no Millennium, mas fiquei te esperando porque eu tenho lá meu lado altruísta e te tenho amor. Ainda que o altruísmo tenha uma face ambígua do egoísmo; a gente faz porque espera algo em troca, neste caso alguma coisa de gratidão. Tipo compre um e leve  alguma outra coisa que pra alguém parece vantagem. Amar alguém é também abdicar de suas preferências, como, por exemplo, apropriadamente neste caso, manter 100% de pontualidade todas as vezes, uma vez atraso não mata ninguém. Amar alguém é mostrar que temos real intenção na vida da pessoa. Fora o fato de que eu comprei os teus remédios - que não foram barato, com o dinheiro da minha poupança que reservo tal e qual para comprar o carro, já que eu ainda não tinha recebido meus vencimentos, depois eu repus o dinheiro, sem bronca. Bitch better have my money.

Sete dias depois de te comprar os remédios tu fostes extremamente grosso, insensível, desrespeitoso, egoísta, me vilipendiou dizendo que não ia esperar. Frívolo. Eu tinha me programado pra passar um tempo agradável contigo após teres te recuperado, mas veja, tinha chego em casa pouco tempo antes de tu me ligares, apenas me joguei na cama, estava exausto, esperando tua ligação pra criar forças pra levantar e ir ter o tal tempo agradável pra distrair toda uma carga negativa construída durante o dia, sem sucesso, com frustração. Parece tolo, tu não me vais dar razão - porque nunca das, tu vais te justificar até a morte pra provar pra si que estou redondamente enganado. Magoa. It's not just a little thing. Mas eu insisto, tu já fizestes isso tanto comigo que pra ti é comum, cotidiano, rotineiro sobejamente impor as tuas preferências e exigências pra cima de mim. Tu exiges imperativo, não existe um diálogo pra chegar a um meio termo "nem eu, nem tu" e por fim eu tenho que ceder (não sei porque lei de transtorno cerebral o faço) pra que um simples passeio se faça. Enough. I'm sick and tired of my phone r-ringing. Então não pense que estamos bem só porque eu estou aqui. Te atendo com complacência, paciência, não abuse. Se precisar de mim de novo, cê sabe que a casa é sempre sua venha sim (Chico). Mas venha com retidão, mansidão, que, meu caro, não lhe custa nada. E o santo é de barro.

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