segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A Árvore

A gente se beijou e prometeu que era sem propósito. Mas um beijo é todo propósito.

Não dá pra você desenhar a gente assim, essa árvore pela metade. Se faltar verde eu compro, mas o marrom tu tens, finca nossa raiz no chão.

Acho complicado que a gente minta assim, deliberadamente. Que finja que não tá rolando nada, que somos o playground um do outro. Não acredito também na validade da troca de status. Que na terça a noite sejamos descompromissados e na quarta de manhã qualquer coisa do outro; suporte material das projeções.

Vem, senta aqui. Experimenta. Não diz nada. Sente. Saboreia. Não quero que te enchas de comprometimento. Aproveita. Não quero teu sexo, esse teu ronronar me basta. Gosto mesmo de te ouvir falando enquanto dorme. Sinto que te abraçando os pesadelos diminuem.

Não vou dizer que não cogitei você ser uma diversão, em seguida fiquei com medo de te ver de novo, de faltar argumentos, de falar alguma babaquice e te afastar. Hesitei em jogar esses dias como uma pequena semente no poço da vida e ela devolver a árvore do teu desenho me dizendo: vc está de novo irreconhecível. Percebi que a semente também está irreconhecível.

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